Comunicação Visual e a Arquitetura
- Emily T. Kayukawa
- 5 de jun. de 2017
- 2 min de leitura
Sempre foi discutido entre estudiosos e profissionais o que caracteriza uma boa arquitetura e os elementos que a compõem. Existem vários tipos de boa arquitetura e praticamente todas utilizam de recursos visuais para transmitir uma mensagem. Cada qual com sua peculiaridade, mas todas com a mesma característica intrínseca, a relação com o usuário. Essa comunicação ocorre quando o usuário vivencia diferentes experiências de causa espacial, entre elas, a visual.
O escritório brasileiro de arquitetura Nitsche apresenta a comunicação visual como uma de suas potencialidades levando a leitura da arquitetura à uma escala mais próxima das pessoas.
Um bom exemplo da atuação da comunicação no Nitsche atuando é no Edifício Comercial Corujas, de 2013 em São Paulo, cujo projeto arquitetônico é do escritório FGMF Arquitetos pelo cliente idea! Zarvos. Nesse edifício um problema se tornou uma brecha para a criatividade quando, no momento da compra dos terrenos para iniciar o processo construtivo, um dos proprietários se recusou a vender o lote onde se encontra uma casa. Então, uma nova proposta foi feita contornando esse lote, mas sem prejudicar a privacidade, tanto do morador da residência, quanto dos usuários do edifício novo, criando uma barreira visual composta por placas. Elas foram adesivadas conforme um corte arquitetônico humanizado em fundo preto simulando um projeto erguido através desses cortes, em escala 1:1, ou como num raio-x. Essa estratégia fez com que o ambiente englobasse o volume indesejado, levando-o para dentro da proposta conceitual do projeto do Corujas.
O edifício Corujas é uniforme nesse aspecto comunicativo, prevalecendo uma identidade, um diferencial, além da qualidade projetual arquitetônica propriamente dita. Essas características estão presentes nas linhas retas, cores sóbrias como preto, branco e cinza, aspecto de letras de forma e desenhos geometrizados. Esses elementos visuais enaltecem a organicidade do projeto e afirmam que ele funciona. Tudo fica claro e objetivo para o usuário, implicando também na economia de tempo – peça riquíssima no meio comercial.
Então a comunicação visual é uma das ferramentas que funcionam como uma estratégia para ajudar a arquitetura a estimular a percepção e valorização do edifício e de seus objetivos, conceitos e princípios. Deixar claro para quase todas as pessoas as intenções das pessoas que participaram na concepção da obra.
O próximo passo é inovar, no sentido de utilizar uma ideia que já existe e aprimorar, expandir para comunicação tátil, por exemplo. Como criar placas em paredes ou corrimãos com leitura em braile para aqueles que não podem ver. Ou comunicação olfativa, caracterizando setores diferentes através de plantas que exalam odor.
Salvas às devidas proporções, esses elementos podem fazer parte do futuro da arquitetura. E para obter sucesso na transmissão de uma informação, como nos recursos visuais é necessário um estudo do comportamento e da interpretação humana que é abordada por outras áreas. Seria excelente se esses conhecimentos de psicologia, neurociência, sociologia, design e arquitetura fossem somados para constituir essa inovação.
Emily Tomine Kayukawa
Referências:
http://www.nitsche.com.br/comunicaovisual
AU – Arquitetura & Urbanismo. Janeiro 2014, págs. 34 à 41 e 66 à 71.
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