Habitações sociais: Complexo Social em Alcabideche
- Paulo Vanzo
- 22 de mai. de 2017
- 3 min de leitura
O projeto, localizado da área metropolitana de Lisboa, foi pensado de modo a reconstruir um estilo de vida mediterrânico, criando espaços ao ar livre de ruas, praças e jardins que são como um prolongamento das casas na procura de um equilíbrio entre a privacidade e a vida em sociedade. Além disso, o complexo foi pensado para atender pessoas da terceira idade e visa preencher as lacunas no sistema de apoio aos idosos com elevada qualidade urbana e paisagística. O complexo habitacional foi implantado em um grande lote dentro de uma quadra, assim ele acontece isolado do seu entorno com uma malha viária própria que apenas integra com a da cidade nos poucos pontos de acesso. As unidades habitacionais são dispostas nesse contexto de maneira heterogênea para criar diversos espaços de convívio. Os acessos para o interior do complexo, que são apenas três, acontecem através da malha viária existente, dentro da quadra existem vias que permeiam entre as unidades habitacionais e o edifício de apoio. Basicamente, consiste em uma malha regular com modulação de 7,5 metros, que suporta uma estrutura construída de 52 casas com 52 m² cada unidade e um edifício de apoio, com área de enfermagem, quartos para doentes acamados, espaço para cabeleireiros, espaço para refeições, ginásio, piscina e horta comunitária nas áreas externas.
As casas foram feitas em concreto armado e grandes aberturas envidraçadas que proporcionam iluminação e ventilação. Na cobertura foi usada estrutura metálica treliçada envolvida por policarbonato branco impermeável e a prova de fogo, o qual acende a noite e ilumina o bairro e em casos de emergência, uma luz vermelha pode ser ativada, iluminando toda a cobertura, servindo como sinal de alerta e pedido de ajuda para os vizinhos. Essa cobertura também desempenha uma função importante de conforto térmico, por criar um bolsão de ar entre a cobertura e o interior da casa. Houve, também, a preocupação com o reaproveitamento de recursos naturais, foram previstos a utilização de água de um nível freático subterrâneo, para rega das áreas ajardinadas e lavagem de ruas e caminho de pedestres, contribuindo para a redução de custos de exploração do equipamento. O complexo também possui sistemas de produção de energia (central fotovoltaica) que alimentam as áreas habitáveis, nomeadamente o aquecimento de águas, o sistema de climatização e o pavimento aquecido.
Esteticamente, a proposta apresenta um contraste entre as suas áreas verdes e espaços para o cultivo de hortifrútis, e a sua linguagem límpida e contemporânea. Linhas bem definidas constituem os volumes individuais das residências, porém, essa linearidade é levemente desmanchada pelo dinamismo visual provocado pela proposta de implantação. Os aspectos tecnológicos adotados, como no caso do sistema de cobertura difusora de luz, realçam o caráter funcional e técnico da proposta.
De uma maneira geral, o projeto se destaca por retratar o tema de habitação social de uma maneira diferente, permitindo uma linguagem mais refinada e conceitual. Contudo, tal postura reflete o contexto social na qual está inserida, não se configurando como algo possível se aplicada a realidade da maioria dos casos projetos desse caráter. De qualquer forma, a proposta de projeto se mostra singular e, apesar de seus caracteres negativos relacionados a integração e relacionamento com o ambiente urbano, possui diversas concepções bem desenvolvidas. Suas áreas de convívio, hortas coletivas e os seus aspectos conceituais são evidenciados pelo produto arquitetônico final, deixando em evidência suas principais intenções.
Referências:
www.achdaily.com.br
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